Olá a todos, como vão? Esperamos que a vida esteja lhes tratando bem.
A Green School, ou ‘Escola Verde’, em Bali é mais do que uma escola — é um manifesto arquitetônico para a sustentabilidade. Localizado em Sibang Kaja, perto de Ubud, o campus estende-se por ambas as margens do Rio Ayung, imerso na selva, nos jardins e na paisagem ribeirinha. Os seus edifícios, planta e materiais não servem apenas para a funcionalidade; eles incorporam uma filosofia de convivência harmoniosa com a natureza.
Em outras palavras, uma abordagem mais holística. Veja como funciona a sua arquitetura sustentável — o que a torna especial, e que lições ela traz.
Antes disso, vamos pensar no que seria o pensamento holístico. “Holístico” seria algo que leva em consideração “o todo”, sem excluir nenhuma das suas partes. Em outras palavras, funciona como um sistema integrado. A própria natureza representa o ápice desta ideia.
De acordo com a Alquimia, tal como acontece com os ensinamentos védicos hindus, cada um de nós tem um chakra dominante, que nos mantém de alguma forma presos a uma forma de realidade. O ideal seria integrar tudo e equilibrar as distorções em nosso sistema. Muitas vezes, tentamos encontrar soluções usando apenas a mente (o 5º chakra). No entanto, essa não é uma abordagem holística, pois somos seres completos que precisam ser integrados, assim como o nosso planeta Terra.
Diante disso, a Green School nos ensina como nos aterrarmos desde pequenos. O aterramento (1º chakra) é tão importante para o desenvolvimento da consciência ambiental (6º chakra) quanto a própria “ação” em si (3º chakra). Quando nos aterramos, podemos sentir que somos parte de algo maior (4º chakra), parte de “Gaia” (ou Mãe Terra). Então, com esse conhecimento interior, podemos atrair coisas (2º chakra) e agir de forma mais alinhada com o todo, uma forma mais consciente e criativa de agir (7º chakra).
Bambu como Matéria Primária
Uma das características mais marcantes da Escola Verde é o uso de bambu — local, rapidamente renovável, resistente e notavelmente versátil. O bambu é usado em todos os aspectos: elementos estruturais, pisos, telhados e até mesmo móveis.
A escola cultiva plantações de bambu e trabalha com agricultores locais para obter materiais sustentáveis.
Em particular, o novo edifício “Arco” é quase inteiramente em bambu: utiliza um sistema de arcos altos de bambu (14 m de altura) que se estendem por cerca de 19 m de espaço interno livre, juntamente com grades de bambu anticlásticas (ou seja, com curvatura dupla).

Estrutura do telhado do ‘Arco’ na Green School. Fonte: https://www.archdaily.com/964059/the-arc-at-green-school-ibuku

Estrutura do telhado do ‘Arco’ na Green School. Fonte: https://www.archdaily.com/964059/the-arc-at-green-school-ibuku

Imagem interna do Campus de Educação Infantil da Green School. Fonte: https://bali.greenschool.org/

Imagem interna do Campus de Educação Infantil da Green School. Fonte: https://bali.greenschool.org/
Design Passivo e Resposta Climática
Como Bali possui clima tropical, com calor e alta umidade, a arquitetura se baseia fortemente em ventilação natural, sombreamento e estruturas abertas. Pavilhões ao ar livre, beirais profundos, nenhuma (ou pouquíssimas) paredes. Telhados com inclinações acentuadas para evitar a chuva. O ‘Arco’, por exemplo, é aberto nas laterais, com pé-direito alto que ajuda o ar quente a subir.
Os telhados costumam usar palha (capim-alang) ou outros materiais naturais locais.

Visão interna do campus do Ensino Fundamental. Fonte: https://bali.greenschool.org/
Integração com o Meio Ambiente e a Topografia
Em vez de demolir ou nivelar o terreno, o layout da Green School segue a topografia natural. Mantêm muitas árvores, replantam outras e, em alguns casos, até permitem que as árvores cresçam através dos telhados. O layout aproveita a vista para o rio, a sombra natural da mata e espaços de jardim orgânico.
Hortas e produção de alimentos estão integradas ao campus — a permacultura faz parte do projeto. Os alunos trabalham em hortas; os alimentos vêm do local.

Ponte com estrutura em bambu na área do Jardim de Permacultura. Fonte: https://bali.greenschool.org/

Ponte com estrutura em bambu na área do Jardim de Permacultura. Fonte: https://bali.greenschool.org/

Ponte com estrutura em bambu na área do Jardim de Permacultura, vista do campus da Escola Primária. Fonte: https://bali.greenschool.org/
Energia Renovável e Sistemas de Apoio
A arquitetura é parte de um sistema de sustentabilidade mais amplo. A Escola Verde é alimentada, pelo menos em parte, por energia renovável: painéis solares, um microgerador de vórtice hidrelétrico, etc. Os sistemas de aquecimento de água e de cozinha utilizam serragem de bambu como combustível.
Além disso, as águas residuais, o transporte e outras infraestruturas são projetados ou adaptados para reduzir o impacto ecológico.

Estrutura de bambu na área de Hidropônicos. Fonte: https://bali.greenschool.org/

Estrutura de bambu na área de hidropônicos vista de dentro. Fonte: https://bali.greenschool.org/

Horta comunitária na área do ‘Coração da Escola’. Fonte: https://bali.greenschool.org/
Inovação e Engenharia
A Green School não se trata de construções rústicas ou “primitivas”; trata-se de desafiar os limites da engenharia de materiais naturais. O edifício ‘Arco’, por exemplo, emprega técnicas avançadas em marcenaria de bambu, geometria (conchas anticlásticas) e pesquisa estrutural.
Eles tratam o bambu para protegê-lo (por exemplo, contra insetos) e combinam técnicas tradicionais (paredes de barro, palha, alang-alang) com engenharia moderna.

Vista interna da estrutura de bambu da área do ‘Coração da Escola’. Fonte: https://bali.greenschool.org/

Vista interna da estrutura de bambu do ‘Arco’. Fonte: https://bali.greenschool.org/
Impacto Educacional e Comunitário
Talvez o mais importante seja que tudo na arquitetura faça parte do aprendizado: os alunos são cercados por estruturas que modelam os valores que lhes são ensinados. Os próprios edifícios se tornam salas de aula de sustentabilidade.
A arquitetura também desempenha um papel comunitário — não apenas para os alunos, mas também para artesãos, construtores e agricultores locais, todos envolvidos na obtenção de materiais e na construção. Habilidades e sistemas construídos em torno da ecologia local.
A escola também oferece aulas de ioga para as crianças como parte do currículo.

Vista interna do Yoga Shala. Fonte: https://bali.greenschool.org/

Vista interna da ponte nos arredores da área do Jardim de Permacultura. Fonte: https://bali.greenschool.org/
Lições e Inspiração
A Green School oferece muitos insights para a arquitetura sustentável globalmente:
- O uso de materiais locais e renováveis pode reduzir drasticamente a pegada de carbono em comparação com aço, concreto ou importações não renováveis.
- Projetar para o clima — ar livre, sombreamento, ventilação natural — significa menos dependência de ar-condicionado e sistemas mecânicos.
- Integrar a paisagem e a topografia, em vez de combatê-las, preserva os ecossistemas, reduz a perturbação do local e cria espaços mais saudáveis.
- Combinando artesanato e engenharia: conhecimento tradicional e mão de obra local com pesquisa estrutural moderna, oferecem possibilidades reais de beleza, durabilidade e desempenho.
- A integração entre educação e comunidade proporciona propósito e sustentabilidade: edifícios que ensinam, materiais que engajam, sistemas que envolvem e integram.
Desafios
É claro que existem desafios. O bambu requer tratamento adequado para durar; manutenção e resiliência (contra umidade, cupins, chuva forte, etc.) não são triviais. Escalabilidade, custo e contratação de mão de obra qualificada para técnicas avançadas de bambu podem ser limitantes. Mas a Green School está mostrando como muitos desses problemas podem ser resolvidos.
Conclusão
A Escola Verde em Bali não está apenas construindo salas de aula; está construindo uma visão — uma visão onde arquitetura, ecologia, educação e comunidade se entrelaçam, abordando uma visão holística. Sua arquitetura sustentável demonstra que, com criatividade, respeito pelos sistemas naturais e investimento em engenhosidade, o ambiente construído pode curar e enriquecer, em vez de consumir e degradar. Sem dúvida, ela se destaca como um modelo promissor para arquitetos, educadores e comunidades em todo o mundo.
Se você gostou deste post, não perca alguns dos nossos outros posts relacionados à encantadora ilha espiritual de Bali: “Templos Pura Balineses” e “Experiência de Voluntariado em Permacultura“.
Fonte da imagem de capa:
https://www.archdaily.com/964059/the-arc-at-green-school-ibuku
Fontes Importantes:
https://www.archdaily.com/81585/the-green-school-pt-bambu
https://www.archdaily.com/964059/the-arc-at-green-school-ibuku
https://the.akdn/en/how-we-work/our-agencies/aga-khan-trust-culture/akaa/the-arc-at-green-school
https://www.brightvibes.com/green-school-bali-the-worlds-most-eco-friendly-school/
https://greenteacher.com/green-school-in-bali/
https://worldarchitecture.org/architecture-projects/vmee/green_school__ubud_bali-project-pages.html
https://theedgemalaysia.com/article/sustainable-learning-green-school-bali
https://iqd.it/en/architecture/the-arc-at-green-school-ibuku/
https://designlikeyougiveadamn.com/green-school-bali/
Comments
Deborah
Nossa, que animal! Aqui, no Brasil, não tem algo parecido? Se não me engano, em Curitiba.. só não sei se utilizam essa estrutura de bambu..
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